Não é algo raro de se ver no cotidiano, a confusão que as pessoas fazem
com os termos: Ética e Moral, chegando até mesmo a confundi-los como sinônimos.
É claro que esse autor não tem a intenção de ironizá-las nem de esgotar a
discussão sobre esses termos que já dura mais de dois milênios na história da
Filosofia. O mesmo pretende realizar uma breve e simples abordagem sobre tal
problemática milenar sobre a Ética.
Quando se fala em Ética é necessário considerar o sentido etimológico da
palavra. Há duas formas de grafá-las em grego: "éthos" que refere_se
ao comportamento que resulta de uma repetição constante dos mesmos hábitos, ou
seja, ao costume, assim, daqui, se resulta o significado da palavra moral que é
tido como o conjunto de regras de conduta assumidas livre e conscientemente
pelos indivíduos, com o objetivo de organizar as relações interpessoais segundo
os valores do bem e do mal (Aranha e Martins, 2005, p.218).
Na outra forma; "êthos" designa o caráter, modo de ser do
homem, o que permite a ética ser mais do que um reflexão contemplativa e passar
a ser o substrato da moralidade do sujeito, isto é, a ética passa a ser um
exercício criativo de construir e reconstruir o modo de ser.
Se a moral representa os anseios tradicionais de uma determinada
sociedade, entre outras inúmeras. Se a moral tende a querer se eternizar,
enquanto a ética é um exercício de construir e reconstruir certo modo de ser do
existente humano? Se em cada momento histórico, há certo éthos e certo êthos
que sobressaem sobre as multiplicidades éticas e morais?
Em, A Ética a Nicômaco, principal obra de Aristóteles sobre ética, o
pensador esclarece que a finalidade suprema que governa e justifica a maneira
do ser humano conduzir seus atos e sua vida é a felicidade, que não está
correlatada com os prazeres, nem implicita nas honrarias recebidas pelo ente
agraciado, mas numa vida repleta de posturas e comportamentos virtuosos. E o
homem dotado de prudência e habituado ao exercício de tal, encontra no justo
meio entre os extremos de seus atos e decisões a virtude.
(FERREIRA, 2009)
(FERREIRA, 2009)
O que se pode pressupor é que ser ético é visar a
boa vida que é pautada na felicidade, mas, não uma felicidade individualista e
sim a do coletivo. É praticar atos voltados para a virtude; ser pessoa
virtuosa.
Em um sentido ético, a virtude é uma qualidade positiva do indivíduo que
faz com que este aja de forma a fazer o bem para si e para os outros. [...] Na
filosofia moderna, a palavra "virtude" passou a designar a força da
alma ou do caráter. Neste sentido moral, designa uma disposição moral para o
bem. [...] a coragem, a justiça, a lealdade. (JAPIASSÚ;
MARCONDES, 1996, p. 271)
Para pensarmos outro sentido da ética: Ética como espaço de crítica a
moral dominante e espaço de criatividade humana.
A música do nosso compositor baiano Raul Seixas e do seu parceiro de composição Paulo Coelho chamada: Metamorfose ambulante tem tudo a ver com Ética, se a considerarmos como sinônimo de um debruçar crítico sobre a moral dominante e a partir disso o motor móvel da inventividade, a fecundidade do novo estar humano no mundo.
A música do nosso compositor baiano Raul Seixas e do seu parceiro de composição Paulo Coelho chamada: Metamorfose ambulante tem tudo a ver com Ética, se a considerarmos como sinônimo de um debruçar crítico sobre a moral dominante e a partir disso o motor móvel da inventividade, a fecundidade do novo estar humano no mundo.
Raulzito cantava assim: ‘’Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do
que ter aquela velha opinião formada sobre tudo’’. Eu vou desdizer aquilo tudo
que eu lhe disse antes... É chato chegar a um objetivo num instante... Se hoje
eu te odeio, amanhã lhe tenho amor... Se hoje eu sou estrela, amanhã já se
apagou... Eu sou um ator...
A letra dessa canção é o relato de um indivíduo que ao se atentar aos
valores e costumes da moralidade dominante acaba percebendo que os mesmos não
correspondem a sua realidade pessoal que sempre se transforma e por isso,
torna-se uma pessoa crítica, em relação a tudo o que diz respeito ao social,
crítica e realiza uma ruptura com o vigente e sempre visa novos modos de ser e
de coexistir com os seus semelhantes e de interação com o mundo ao seu redor.
Assim a letra dessa canção sintetiza a diferença entre a Ética e a
moral. A primeira é o debruçar crítico sobre os valores morais em prol da
mudança de comportamento, a segunda é o conjunto de valores e costumes de
determinada sociedade que tendem a se eternizar.
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