sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O EXISTENCIALISMO DE SARTRE

Sartre (1905-1980) ao se sentir incomodado com as interpretações distorcidas e críticas acerca da corrente filosófica, chamada existencialismo, resolve produzir em 1945, a conferência: ''O existencialismo é um humanismo''. Teve com essa, escrita e proferida de forma quase didática, o objetivo de defender e explicar para o grande público sua doutrina filosófica, o existencialismo ateu, onde o existente humano tem a liberdade de escolher a si mesmo, independentemente do que a sociabilidade vigente ensina e exige.

A proposta existencialista de Sartre, por ser pautada numa perspectiva atéia, é focada num universo estritamente humano; onde não há fomentação de nenhum idealismo transcendental a priori que deva, necessariamente, servir como um ''manual de instruções'' a uma possível trajetória do existente humano e tampouco a alegação de um deus artífice criador do mesmo.
Perspectiva esta que suscita uma problemática complexa. Pois, se Sartre defende, em sua conferência; o seu existencialismo ateu, e por meio desta que, não há nenhum deus criador onisciente e juiz dos atos humanos, não há um Bem a priori, nem uma natureza humana universal, e, por conseguinte nenhuma moral absoluta, o que é o existente humano para o filósofo?

Tem como pressuposto que, o homem é o nada de predisposições será aquilo que fizer de si mesmo. E por isso, defende que no caso humano; a existência precede a essência, isto é; primeiro o homem surge no mundo, se relaciona com outros homens e com as coisas e não é nem isto nem aqui, antes de fazer-se homem através daquilo que escolheu. Cabe ao homem o engajamento de construir a sua própria essência através da liberdade de fazer escolhas originais em detrimento do seu projeto fundamental. E também salienta que apesar do homem ser o nada a de predisposições, há uma universalidade humana de condição, ou seja, todos os homens existem no mundo, coexistem com outros homens, são mortais e são projeções de si mesmos, o ser humano se encontra desde o momento em que, se percebe, através do cogito, como um ente possuidor de uma subjetividade capaz de fazer suas próprias escolhas.
Portanto, totalmente livre para fazer de si mesmo o que quiser, enquanto existir. Situação esta que não sujeita o existente humano ao imoralismo absoluto, nem reduz a subjetividade ao egocentrismo, mas, o faz considerar que a liberdade é o único fundamento de todos os valores e que cada escolha própria é um caminho aberto para toda a humanidade.
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O homem não é só liberdade, é também angústia, pois, além de não ter como fugir da condição de ser livre, todo engajamento individual é o engajamento de toda a humanidade e isso implica na responsabilidade pelas decisões e pelas conseqüências. Ou seja, o homem ao tomar decisões visando a realização do seu projeto fundamental, projeta sua vontade, no mundo, ao mesmo tempo em que, inventa a si mesmo, acaba inventando a humanidade toda.
Para Sartre, o homem só consegue disfarçar que não é totalmente livre pra escolher o que quer ser, evitar a angústia de ser responsável pela escolha de si mesmo e do modelo de homem que será para toda a humanidade, ao usar da má-fé. Isto é; ao mentir para si mesmo que pode se isentar das responsabilidades pertencentes e que não há mais nada a fazer além de se sujeitar as circunstâncias, a seu ver, sempre determinantes.

Obviamente que o existencialismo ateu de Sartre deve sempre ser analisado atrelado ao seu contexto histórico, contexto esse permeado pela 2ª Guerra Mundial, mas, não há como negar que tal doutrina existencialista é um importante legado filosófico para se pensar a problemática existencial em qualquer contexto histórico seja para o deísta ou para o ateu. Ainda que no âmbito pessoal. Afinal, Sartre, apesar de defender que, ainda que Deus exista nada pode tirar a responsabilidade do homem fazer-se homem, salientar que o homem é absolutamente livre para fazer de si mesmo aquilo que quiser, enquanto existir; em nenhum momento, o filósofo faz apologia ao imoralismo absoluto em sua conferência, ao contrário defende com veemência, a necessidade do homem ao engajamento responsável por si mesmo e da sua responsabilidade por toda a humanidade.


De: Michel Gustavo de Almeida Silva

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